TUDO SE ACABA NA QUARTA-FEIRA?
- Danilo de Jesus
- 2 de jun. de 2016
- 3 min de leitura

Contrariando a banda Los Hermanos, eu te pergunto, será que todo carnaval tem seu fim?
Como canta Maria Rita: A gente ri, a gente chora, mas será que de fato, jogamos fora o que passou?
Indo além, será que realmente vale a pena jogar tudo fora, sejam os sonhos, as inspirações ou a sucata das alegorias, restos de fantasias? De onde nasce esse sentimento de chegada, de tristeza, após a folia?
Essa angustia ou e alguns casos, a conhecida DPC (depressão pós-carnaval) tem uma motivação e ela está muito além dos nossos sentidos comuns. Não que isso tenha me tirado o “tesão” em escrever para essa tão honrosa coluna, mas o último carnaval não foi como aquele que passou!
Aqui fica meu pedido de desculpa por esse período “sabático” e meus mais sinceros agradecimentos a todos os amigos e leitores que me cobraram esse retorno.
Voltando a DPC... Estamos chegando ao meio do ano, ao passo que o mundo do samba, ou melhor, as escolas em si começam seus primeiros movimentos para o próximo carnaval (alguns já bem adiantados). Todo carnaval não deixa de ser uma repetição, pois são as mesmas pessoas que estão envolvidas, e carnaval, graças a DEUS, ainda é feito por pessoas – para pessoas, sejam eles operários da ilusão, artistas de uma noite, componentes ou diretor, não importa o grau de envolvimento da pessoa com uma escola – nela sempre irão rolar aquelas dúvidas, que viram (a maioria das vezes momentaneamente) certezas absolutas, do tipo: Não, esse de fato foi meu último ano!
No próximo eu vou viajar no carnaval, vou pra serra, vou pra qualquer outro lugar, mas não desfilo!
Chega!
Esse misto de exaustão e confusão, confesso, também vaga em minha mente, álias, via de regra, todo ano em maior ou menor grau eu penso nisso, essa dúvida sempre me persegue. O que não me assusta, e nem deve assustar a ninguém, isso é natural! Puxando a brasa para a minha sardinha, ou melhor, falando com propriedade de quem há alguns anos passou de componente à participante interno dentro de uma escola de samba, posso dizer que, essas dúvidas brotam exatamente da sensação de esgotamento, só que nunca haverá alguém ou algo em que eu possa depositar essa culpa, pois tudo isso são consequências das minhas nossas escolhas...
Eu explico!
Mas desde já, se você leitor atento sentiu que a carapuça da justinha pra você, não se preocupe, deixe o MIMIMI de lado, para de melindre e vem comigo...
Eu escolhi ser Mocidade Alegre, eu escolhi defender esse pavilhão...
A cada domingo em que há ensaio, meio que eu renovo meu contrato com a escola, tá no meu hino, poxa, que canto e repito a exaustão: “Por ti darei a minha vida escola querida... Sempre honrarei as cores do seu pavilhão”...
Chega a ser engraçado, mas esse é o acordo íntimo entre eu e a agremiação que escolhi para chamar de minha (apesar que eu sempre sinto que foi a Mocidade que me escolheu), sei no que você deve estar pensando:
- Danilo para, que essa nossa doação pode ser exercida como componente, né?
Eu respondo:
Claro que pode!
Eu, você, qualquer um pode pagar sua boa fantasia e aparecer no dia do desfile! Mas olha, é tanto amor e querer bem, que durante o processo, nós sempre acabamos por jogar em todas as posições que podemos... E essa sim é uma escolha nossa!
O que eu nós recebemos em troca é tanto, mas tanto, que grana nenhuma pode equiparar! Afinal, felicidade não tem preço. Claro, é óbvio que há outras formas de se ter felicidade, e elas também devem ser exercidas (dica de ouro), mas novamente, são as nossas escolhas! Certa vez Pablo Neruda escreveu que: “Somos livres para nossas escolhas, mas prisioneiro de suas consequências” Sim querido amigo leitor, é forte, mas é a realidade pra tudo na vida, porque não seria no mundo do samba?
O que precisa ser apurado, melhorado, para evitar o baque na hora do balanço após o fervo são: a nossa disponibilidade, a nossa vontade, e principalmente a nossa atitude frente a essas escolhas que fazemos e que envolvem uma agremiação...
Eu ando fazendo as minhas e vou confessar, com perdão da palavra:
“Carnaval realmente é uma cachaça”
E olha, ele não acaba na Quarta Feira de Cinzas! Carnaval não tem fim! Pelo contrário, Carnaval é um eterno exercício de felicidade. Portanto! Sejamosr felizes, exercendo nosso direito de uma forma sadia, de ser sambista!
Vale a pena gente!
Sempre valerá muito a pena.
Até mais,
Danilo Jesus
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