TODO DIA É DIA DE SAMBA
- Danilo de Jesus
- 2 de dez. de 2015
- 3 min de leitura

02 de dezembro, dia Nacional do Samba!
Não que o samba precise de um dia para chamar de seu, como diz o hino do Camisa Verde e Branco
“ De Janeiro a Janeiro, o ensaio é geral... O samba é o nosso ideal”...
Poderia ser feriado, álias deveria, pois é um ritmo genuinamente brasileiro em essência, em influencia e representatividade.
Mas porque essa data? Há quem diga que nesse mesmo dia em 1962 houve o primeiro congresso Nacional do samba, registrando assim a data para a comemoração do gênero musical, já os mais saudosistas afirmam com veemência, que a data marca a primeira visita do mestre Ary Barroso a Salvador, na Bahia. Na oportunidade o compositor já havia escrito o samba “Na baixa do sapateiro” em reverência a capital baiana, entretanto conhecer mesmo o lugar só ocorreu após a composição em 1938, nesse mesmo 2 de dezembro! Pelo sim e pelo não, eu me apego mais na segunda versão, ou como em um partido alto, crio a minha própria...
Se comemora o samba no dia 02/12 pois é bem a época de lançamento dos CD das escolas de samba para o próximo carnaval! Para mim há uma música do mestre Paulinho da Viola que exemplifica e eterniza toda a magia que envolve o samba, não a sua importância social – fato inquestionável e muito versado e divulgado por gênios da raça como Leci e Martinho...
Mas esse samba do Paulinho resgata no íntimo, o laço que cada individuo cria com o samba, é na letra de “EU CANTO SAMBA” que eu que vos escrevo me identifico e ratifico todo meu acordo íntimo com esse bom amigo, samba: Eu canto samba... Porque só assim eu me sinto contente Eu vou ao samba... Porque longe dele eu não posso viver Com ele eu tenho de fato uma velha intimidade Se fico sozinho ele vem me socorrer Há muito tempo eu escuto esse papo furado Dizendo que o samba acabou... Só se foi quando o dia clareou O samba é alegria, falando coisas da gente Se você anda tristonho, no samba fica contente Segura o choro criança, vou te fazer um carinho Levando um samba de leve nas cordas do meu cavaquinho Ontem voltando para casa estava ouvindo o Show da Beth Carvalho, onde ela canta sambas da Bahia, aliás é um DVD de muito bom gosto, obra prima...
E fiquei pensando, como o samba é igualitário, universal, como ele dialoga com as mais diversas culturas desse nosso país, pois o samba baiano de Riachão, Batatinha, do mestre Dorival é completamente diferente do Tagaragadá Carioca, que por sua vez se difere do tambor de criola do Maranhão, o próprio samba de São Paulo, tem outras raízes, está ligado aos ranchos interioranos, ou seja, em 5 minutos me veio a mente 4 tipos de sambas regionais, isso sem falar em suas subcategorias, samba-canção, enredo, pagode, partido alto! Em nossa coluna sempre falamos sobre grandes sambas enredo, e sua importância na cultura popular brasileira, eu vivo atualizando minhas “playlist” com sambas e sambas enredos, tenho para mim que quem ouve samba enredo pela manhã tem maiores chances de ter um dia mais feliz, animado pelo menos.
É uma energia, um remédio, um balsamo, e olha, não me envergonho de dizer, confirmar o que ouço, quando me perguntam...
Nossa o que você tanto ouve ai nesse fone? Ou o que tem nesse seu pen drive?
A resposta é essa... Samba Enredo!
Tá chateado com dor de cotovelo? Ouça Viradouro 98! Brigou com o chefe – ouça Tijuca 1988! Tá com saudade de sua terra, Minas? Vixie tem Mangueira 2004! Precisa de um banho de axé, uma força dos Orixás – Vai de Peruche 1989! Tá num clima de revolta social, cansado das mazelas do Brasil – não tenha dúvida, é Império Serrano 1996! Gostaria de Viajar conhecer outro país? A Índia? Procura por Pérola Negra 2009! Para cada angustia, sentimento ou necessidade, sempre há um samba enredo a ouvir! Ainda ontem pelo fim da noite, estava com dois amigos, quando começou a tocar União da Ilha 1995 – os três recordaram sensações de 21 anos atrás, como estava o país naquela época, como era a nossa vida “eu criança” claro...
O que passava na TV...
É um apego tão grande, uma memória afetiva tão enorme, que até os cacos e paradinhas da gravação, nós sabiamos!
O samba une, diferentes gerações...
Colocando num mesmo nível de alegria a cada um de nós! Coincidência ou não o samba da União em questão era o “Todo dia era dia de Índio” em referência a uma musica antiga de Baby Consuelo, que hoje nem é mais Consuelo – é do Brasil, assim como o samba, que não só hoje, deve ser comemorado sempre! Salve o Samba! Até mais Danilo de Jesus
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