O SAMBA CHEGOU!
- Danilo de Jesus
- 2 de set. de 2015
- 4 min de leitura

Primeiro que o texto de hoje justifica minha ausência nas últimas semanas (não tinha cabeça), e vocês entenderão muito bem o porque. Segundo porque hoje eu quero puxar a brasa pra minha sardinha, e isso sempre é muito complicado pra mim....
Escrever sobre o que se ama, é um risco, e a gente sempre tende a ser piega, às vezes me pego escrevendo na primeira pessoa e não gostaria de ser assim kkk. Mas irei assumir o risco para falar da minha, da sua, da nossa Mocidade Alegre. Há exatos 2 meses atrás recebi uma ligação inesperada no meio do meu expediente, me convidando para participar do juri que escolheria o samba enredo da Mocidade Alegre para 2016, primeiro como representante da equipe de Harmonia da escola, e também pelos textos dessa humilde coluna.
A resposta foi positiva, não haveria outra resposta, escola de samba é como religião – quando você ouve o chamado, você vai! Vivenciar uma experiência como essa é algo que levarei pro resto da minha vida! Em um primeiro momento, as premissas que me passaram foi ter sigilo, discrição, que eu procurasse entender o que o regulamento de samba enredo exige, e que estudasse a sinopse do enredo da escola, a Mocidade colocou ferramentas necessárias “as melhores” para que eu e os demais jurados estivessem preparados para o que viria a se tornar uma das disputas de samba mais acirradas da Morada. Foram ao todo inscritos 17 sambas, 17 maravilhosas obras, tenho certeza que SEO Beto ficou felicíssimo com a safra desse ano...
Gente nova compondo, velhos conhecidos, parcerias novas, premiadas, tinha samba para todos os gostos e ritmos.
Com o passar das semanas, vimos sambas ficando pelo caminho, e alguns se firmando e ganhando força..
Foram semanas estressantes e animadas.
Eu nunca imaginei que iria viver tantas emoções diferentes...
Semana a Semana era como se eu mergulhasse em um novo oceano de sensações e percepções, atravessava a nado e saia do outro lado com a sensação de estar no mesmo lugar!
E sem dúvida isso deve acontecer em todas as escolas de samba nessa época de eliminatórias. E nesse último domingo os 5 sambas finalistas se apresentaram para uma última avaliação.
Aliás vale ressaltar a qualidade da disputa esse ano, em termos de organização, fraternidade entre os concorrentes e principalmente pelo altíssimo nível das composições, Ayo despertou dentro dos compositores...
Mas olha, a sensação de saber que para 4 daqueles samba, aquela seria a última vez que seriam ouvidos me deixou triste, mas samba é assim, só vence um! De certo lágrimas rolariam, pelos mais diversos motivos...
Inclusive as minhas, que por diversas vezes escaparam dos meus olhos...
Emoção, tensão, medo, orgulho de ser Mocidade Alegre...
Nós somos movidos a emoção... Como anunciado pela presidente Solange Cruz, a disputa terminou de fato empatada, onde não haveriam perdedores já que as 05 obras eram excelentes, se dependesse de samba, qualquer caminho que seguíssemos seria um caminho de sucesso...
Só que ai entrou o fator de que torna o torcedor da Mocidade Alegre especial, como dizia SEO Juarez: “Ser sambista é um privilégio, pertencer a Mocidade Alegre é motivo de orgulho”... E por isso, a decisão ficou a cargo da comunidade, que em prévia pesquisa tinha o samba campeão como favorito...
Foi o casamento perfeito!
Voltar os olhos para a comunidade é o primeiro passo para que uma escola de samba tenha sucesso em seu desfile.
Afinal, são eles “o seu povo” que fazem aquela magia toda acontecer na pista. Já durante o processo de eliminatória era notório que o samba campeão estava cativando cada vez mais o componente do bairro do Limão, e essa empatia deve ser sempre considerada, escola de samba é movimento, é ensaio, é evolução, é canto, técnica e muita emoção...
Quando deixar de ser isso, ai pode mudar o nome, porque seriamos tudo, menos escola...
Aonde se aprende samba, aonde se aprende a valorizar a cultura brasileira, onde cultuamos um dos poucos gêneros musicais que é genuinamente nosso, 100% brasileiro – o Samba Enredo. A ética não permite dizer qual era o meu samba, eu não me envergonharia nunca de apontar o samba que votei, porque minha palavra foi a mesma do início ao fim.
Confesso que fiquei absurdamente feliz com o samba escolhido, como eu ficaria se houvesse ganho alguma outra obra, ficar absurdamente feliz é o meu papel como integrante da agremiação, a gente está lá pelo pavilhão que escolhemos para defender, e isso sempre será assim! Mas acontece que minha opinião e meu voto são mínimos, são grão de areia no deserto, se tornam poeira cósmica perto da energia que tomou conta da quadra da escola quando foi anunciado o vencedor.
Pois ali, naquele momento, ele deixou de ser o samba de torcida X ou torcida Y, muito mais que samba ímpar ou par, depois do anuncio ele entrou para Hall de Sambas da Mocidade, passou a ter a identidade da Morada, passou a ser o NOSSO SAMBA, e modéstia a parte, um SENHOR DE UM SAMBA, com a cara da escola e indo de encontro com o que o sambista o bairro do Limão mais gosta...
Emocionar! Emoção, é o que eu sinto toda vez que ouço o nosso hino, toda vez que eu ouço o hino do meu Pavilhão, e não foi diferente quando ouvi a comunidade cantar o samba que ela pode escolher: “Eu sou o samba Com a Luz da proteção de Ogum guerreiro Sou a nobreza que invade os Terreiros Eternizado em cada coração” Eu só tenho a agradecer ao convite feito pela direção da escola, aos jurados que estiveram vivenciando essa experiência maravilhosa comigo (Karina, Michele, Serginho, Sheila, Eduardo, Sidnei e Vanderlei) foi incrível!
Mas principalmente, eu preciso agradecer a comunidade da Mocidade Alegre, que mais do que nunca se posicionou, cantou, defendeu o samba que mais lhe emocionava, cumprindo assim sua vocação de ser feliz, afinal, quem é da Morada é mais feliz!
Já quem dúvida disso, vai chorar! Até a próxima. Danilo Jesus
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