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É LÁ ONDE CANTA O SABIÁ...

  • Danilo de Jesus
  • 14 de jun. de 2015
  • 4 min de leitura

"Bom é recordar, bom demais... " Assim começa o mais belo samba da Sociedade Rosas de Ouro, e assim também começa nossa coluna essa semana, tendo a tradicional escola da Zona Norte de São Paulo como tema.

Situada próxima a Marginal Tietê, a Quadra da Rosas é o cartão de visita a quem chega ao bairro da Freguesia do Ó, um dos mais conhecidos da cidade, quando chegamos ao bairro vemos um letreiro, no canteiro junto a ponte escrito “Bem Vindo a Freguesia do Ó” e ao fundo desse letreiro as cores azul e rosa da fachada da escola!

Se você não conhece? Venha conhecer...

O bairro (que já foi versado por Gilberto Gil – na música “Punk da Periferia”), e também conhecer a quadra da Rosas uma das maiores da cidade. O luxo sempre foi marca registrada dos desfiles da Rosas de Ouro, a escola se veste muito bem, e gosta disso...

O torcedor da Roseira é vaidoso, tanto de sua história, quanto de sua elegância ao desfilar.

Quando penso em Rosas sempre me vem a mente aquele azul e rosa se fundindo em diversas tonalidades, é bonito de se ver e já trouxe 07 títulos a escola, além de outros 07 vice campeonatos, a Rosas é competitiva e sabe disso, nunca entra para na avenida para brincar.

Isso é reflexo de gestão administrativa eficiente, é inegável que a Rosas de Ouro é uma das escolas mais empreendedoras do carnaval brasileiro, sempre buscando parcerias com empresas e marcas que à ajudem no desenvolvimento de seus desfiles, como em seus projetos durante todo o ano. A escola nos últimos tempos vem apostado nisso, se tornando uma das referências no carnaval paulistano. Tenho algumas recordações de carnavais da escola que são memoráveis.

Como esquecer do desfile de 1997?

A escola uniu duas coisas que eu amo (samba e comida, rsrs!) falando do universo gastronômico da cidade de São Paulo. No oportuno, poucas escolas gostam tanto de falar da cidade como a Roseira, se não me falha a memória, falando da cidade a Rosas conquistou 02 campeonatos (de 1984 – Sobre a Faculdade do Largo São Francisco, e o Antológico 1992 – Non Ducor Duco, o famoso samba do Sabiá)...

Falar de São Paulo é sempre muito bom, mostra que ao contrário do que dizia o poetinha Vinicius de Moraes, nós não somos o Túmulo do samba, que aqui a semente que foi plantada deu bons frutos, boas flores e excelente ROSA! Outro desfile qual me recordo com satisfação da Rosas, foi o de 2002, a escola optou em falar sobre pão (gordinho rsrs!) e também fez reverência aos 30 anos da escola, sem dúvida foi um dos melhores desfiles daquele carnaval, mesmo ficando em terceiro lugar, o samba fácil da Roseira levantou a arquibancada, aquele refrão da Maria Antonieta era muito gostoso:

“Na França uma cultura se desenvolveu, cara feia era fome só o bicho é que comeu!

Maria Antonieta não teve perdão, coma brioche quem não tem seu próprio pão”

A Rainha foi decepada depois dessa, mas a Rosas de Ouro saiu da avenida com ares de revolução, conseguindo agregar o luxo que sempre lhe foi comum, com a empolgação que toda escola gosta de desfilar! Três anos depois, em 2005, a Rosa tinha um dos melhores samba do Brasil...

O Mar de Rosas!

Um enredo primoroso, muito bem executado pelo carnavalesco Fábio Borges, mas naquele desfile houve o fato surpresa, que as vezes pode ser ruim, e outras tantas boas, nesse caso foi excelente, como se o Carnavalesco tivesse combinado com Deus para que naquele de sábado de carnaval, o céu de São Paulo ali na região do Anhembi amanhecesse cor de Rosa, vale a conferida no Youtube.

A escola desfilando aquele enredo e samba maravilhoso, e o céu como uma grande moldura cor de Rosa....

Belo cenário, que infelizmente não teve boa avaliação dos jurados, resultando apenas no sétimo lugar para a escola.

Carnaval tem disso, as vezes tudo conspira ao favor de um desfile, samba, torcida, animação e até o céu, mas algo fica pelo caminho, nossa emoção deixa passar uma coisa ou outra, mas o olho do jurado, meu amigo leito, esse olho não deixa passar absolutamente nada! Certa vez, um “boca de balde” - no mundo do samba há muitos desse tipinho, aqueles que falam demais – Me disse nas arquibancadas da vida durante o processo do carnaval de 2009 que, a Rosa de Ouro estava amaldiçoada e que por isso estava num jejum de 15 anos...

Bom, eu fui perguntar o porque, né? Kkk

A pessoa me disse que no carnaval de 1994 a escola homenageou a cantora Angela Maria, mas que por algum “Quiprocó” na concentração, a homenageada não entrou (ela alegando que não subiria no carro ou coisa assim, e a escola informando que ela estaria cobrando cachê para entrar na avenida e que eles não iriam pagar).

Enfim, muito magoada a cantora afirmou que: “A escola seria campeã naquele ano em que contaria sua história, mas que depois ficaria 15 anos sem vencer!”

Olha, na hora eu ri muito e pensei:

MEU DEUS, porque eu fui perguntar...

Misticismo ou não, o fato é que no ano seguinte a Rosas de Ouro ganhou o carnaval com o enredo sobre a história do Cacau, quebrando o jejum de 15 anos...

E eu, graças a Deus, nunca mais encontrei a tal boca de balde! Rsrs Bocas de balde a parte, a Rosas de Ouro é sim uma das tradições do carnaval paulistano, o que o Seo Basílio plantou lá atrás, em 1971, se colhe até hoje!

O samba de 1992 tem um trecho (o mais belo para mim) que fala muito da esperança do paulistano, de ver o Rio Tietê limpo: “Tietê quero um dia beber você As crianças irão saciar a sede na conchinha da mão” Infelizmente, esse tempo ainda não chegou, mas um dia ele chegará..

E que o mundo do samba sempre olhe pelas crianças!

O velho Basílio se orgulhava em dizer que na Freguesia não haviam crianças no farol porque a escola tinha tirados todas as crianças da rua!

E essa até hoje é a maior vocação da escola - cuidar sua comunidade...

Pois é lá no coração da Freguesia do Ó, onde canta o sabiá! Até mais,. Danilo de Jesus


 
 
 

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 é um eterno exercício de Felicidade 

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