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COM QUE ENREDO EU VOU?

  • Danilo de Jesus
  • 4 de jun. de 2015
  • 5 min de leitura

Toda vez é assim,

Chega essa época do ano as escolas do Rio e São Paulo começam a se movimentar para lançarem seus enredos para o próximo carnaval. Chega a ser engraçado o clima de segredo, de quem lança primeiro, de vamos esperar a co-irmã lançar pra depois a gente ver o que faz...

Eu só observo!

De vez em quando pinta a campeã logo de cara, sim, pois as vezes nêgo acha que só pelo enredo “ah o caneco é nosso”, claro que um bom enredo é meio caminho, mas é só uma pequena parte do caminho para a vitória!

Já outras vezes, aparecem uns enredos que deixam a gente com cara de “ué”, pensando meu Deus, porquê? Pra que?

O que é de gosto é regalo da vida, já diziam os mais antigos, mas o fato é que toda escola de samba, seja do grupo especial ou do grupo X se pergunta em sua preparação:

Com que enredo eu vou? Eu tenho 31 anos de idade (ui!) e tenho lembranças de desfiles desde os meus cinco ou seis anos de idade o que me ajuda demais para escrever essa coluna, além disso, hoje há o youtube e diversos sites especializados conseguem suprir nossa necessidade de conhecer e pesquisar carnaval. E nesses anos todos em que acompanho essa festa, eu já vi de um tudo no Anhembi e na Marquês de Sapucaí, enredos que ninguém dava nada – mas que quando chegou na avenida – aconteceu, arrebatou tudo...

Outros que todo mundo esperava “O” desfile, chegou na hora passaram desapercebidos pela avenida, isso é bom, álias isso é excelente e só prova a maior verdade sobre Escola de Samba: “Carnaval, se ganha na pista!” Mas cá entre nós, fora dela a gente também se diverte, afinal, os bastidores garante o nosso divertimento! Há determinados tipos de enredo que casam perfeitamente com o perfil de uma escola, exemplo disso são a temática Afro – o Salgueiro fez história com temas ligados a cultura africana, Xica da Silva, Chico Rei, Candaces, entre outros tantos são a cara do Salgueirão, você imagina outra, se não a Acadêmicos cantando “Pega no Ganzê, Pega no Ganzá”, a escola sempre vem bem e forte quando fala dessa temática. Assim como os temas críticos, bem humorados e leves e de apelo popular foram durante muitos anos a cara da São Clemente, hoje a escola da Zona Sul está sob a batuta da Rosa Magalhães, a carnavalesca está conseguindo imprimir sua marca na história dessa simpática escola, que vem dando uma guinada apostando em enredos bem estruturados, brasileiros e originais, uma marca da Rosa, que está sendo implantada na escola. Às vezes um enredo, ou uma série de enredos mudam drasticamente o perfil de uma escola, a Unidos da Tijuca por exemplo, claro que nesse caso há o fator Paulo Barros, mas o fato é que a Tijuca sempre primou por enredos históricos, sempre adorou cantar a historia do Brasil e Portugal, sempre dava um jeito de linkar esses assuntos, a chegada do carnavalesco na escola em 2004, trouxe uma aposta para escola em apresentar uma nova proposta de enredo e de desfile, a Tijuca ainda demorou quase 6 anos para ganhar seu título depois dessa mudança, mas até chegar nele a escola ganhou um novo rumo, entretanto a escola setou uma nova expectativas em sua torcida e nas pessoas que assistem ao seu desfile, hoje as pessoas esperam ver uma Tijuca moderna, com temas inusitados.

O enredo do DNA mudou a concepção atual de se fazer carnaval, a história do Paulo Barros e principalmente mudou a Tijuca. Entretanto, temos o outro lado da moeda, um enredo pode ser o passaporte para o fracasso de uma escola, não somente ele em si, mas muitas vezes vimos apresentações com enredos que desfilaram sem dizerem o que queriam, prejudicando todo trabalho de uma escola. Olha, eu quero deixar bem claro que meu intuito aqui é comentar alguns enredos que não deram tão certo na prática – quanto imaginado na teoria, em hipótese nenhuma quero questionar a capacidade de desenvolvimento de desfile de uma escola, ou a sua soberania em escolher o que levar para avenida. Mas eu me pergunto o que foi aquele enredo da Mocidade Alegre em 1989, é a minha escola - eu sei, mas falar de Thermas é muito complicado – até hoje as pessoas mais antigas da escola brincam com esse desfile, falam que hoje em dia é fácil torcer pra Mocidade Alegre, mas que tinha que se ter muito amor pela escola para ir pra avenida com aquele samba do Dói (Thermas da Vida) – vale a pesquisada no youtube. Isso é o amor ao pavilhão, um enredo pra acontecer de fato, precisa ser abraçado pela comunidade, sem isso, não há Ita do Norte que exploda coração! Até hoje alguém entendeu aquele desfile da Tradição sobre o Ronaldo Fenômeno, ele é um craque que tem uma baita história de superação, mas só isso vale uma homenagem?

Será que foi muita ousadia da Unidos da Ponte falar sobre Guarda Chuva em um desfile em pleno sol das 9 da manhã?

Outro exemplo, a junção que o Rosas de Ouro fez sobre o Roberto Justus e sua dinastia Hungará, vale a pena tanto delírio?

Resumindo tudo.

Alguém explica de onde vem tanta paixão pra um componente bater no peito e cantar um samba que diz:

Sou Mangalarga, Marchador?

Essa paixão é movida a samba! E essa mesma paixão que é a responsável por misturar Bacalhau com Mitologia Nórdica e o Chacrinha num mesmo samba – como fez a Imperatriz em 2007.

Alias a escola de Ramos sempre foi perita em desenvolver enredos lençóis (um dos meus tipos preferidos) enredos com começo meio e fim, cheios de história e detalhes, há quem diga que eles são ultrapassados, mas eu não troco um enredo desse naipe, por um enredo CEP – que infelizmente amigo leitor, é um mal que aflige diversas escolas em busca de patrocínio sem embasamento cultural...

São tempos difíceis para todos, mas isso não justifica você levar para avenida uma cidade que ninguém conhece, muitas vezes sem nenhum apelo cultural, em troca de uns vinténs, mas enfim, como dizia o sábio Maguila:

É cada um com seu cada qual! Como deixei bem claro logo de início, nosso intuito não foi julgar as escolhas de enredo das escolas de samba, nossa real intenção foi enaltecer a importância de um enredo!

E olha, 2016 promete, nessa pré temporada já tivemos anunciados no Rio de Janeiro e em São Paulo enredos mirabolantes, enredos tradicionais, enredos inéditos e também enredos que são mais do mesmo.

Mas, o bacana disso tudo é a oportunidade que as escolas tem em aguçar os nossos sentimentos com suas propostas, afinal, um enredo não precisa ser inédito - ele não é julgado por isso, e sim por sua coerência e sua concepção.

A verdade é que um desfile bom é aquele que não precisa do livrinho da Liga/Liesa para que se entenda o que está passando na avenida.

Pelo contrário, um desfile bom é aquele que a gente entende o seu desenvolvimento a medida que a apresentação ocorre, se tornando auto explicativo com suas alegorias, fantasias e em seu samba, mas para que isso aconteça, que me desculpem os moderninhos, mas um bom enredo é fundamental! Até mais Danilo Jesus


 
 
 

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