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SEI LÁ, NÃO SEI NÃO... A MANGUEIRA É TÃO GRANDE QUE NÃO CABE EXPLICAÇÃO!

  • Danilo de Jesus
  • 29 de abr. de 2015
  • 5 min de leitura

É tão bom falar dela!

O verso do título é de Paulinho da Viola, que compôs em honra da grandeza da escola de samba co-irmã - Verde e Rosa - a maior torcida do carnaval brasileiro.

Como dizia Luizito: A maior escola de samba do planeta.

E quem dúvida disso?

A Mangueira (escola e bairro) é um lugar incomum, onde todo mundo que cultua a festa de Momo faz reverência. O meu primeiro contato com escola, foi através de Antônio Carlos, ou melhor, Mumu da Mangueira, nosso saudoso Mussum de Os Trapalhões, sambista, malandro carioca, fazia parte dos Originais do Samba, e não negava seu amor aos "méis", e a Estação Primeira de Mangueira, um morro em forma de escola, e uma escola em forma de Nação, uma nação que essa semana completa 87 anos de amor ao Samba! Já meu segundo contato com a Estação Primeira foi no carnaval de 1998, por dois motivos: o primeiro é que em 98, na comemoração de seus 70 anos a Verde Rosa foi enredo da Nenê de Vila Matilde, que na ocasião fez um belo desfile lhe rendendo um segundo e honroso lugar... “Musa de poetas, teus reais valores honram tuas cores, sambistas imortais. Tu és do meu Brasil a mais querida, divina dama dos 70 carnavais!” E o segundo motivo, foi que durante a transmissão do carnaval carioca daquele ano, algo me marcou bastante, estava vendo aos desfiles pela Rede Manchete (que saudades) quando a Tradição, primeira escola da segunda noite encerrava seu desfile, e a TV mostrava a arquibancada agitadíssima, com bandeirinhas do começo ao fim da Sapucaí, quando um dos comentaristas falou, o povo veio ver o Chico (Buarque, homenageado daquele ano) e Paulo Stein, com aquele sua voz cheia de sotaque, que parece deboche disse: O povo veio ver a Mangueira! Isso pra mim se tornou uma verdade absoluta. O povo sempre vai pra ver a Mangueira e mais as outras escolas da noite, claro, mas todo mundo presta atenção mesmo, é na Verde e Rosa. Já se vão 87 carnavais sendo a Menina dos olhos de muita gente bamba, a Mangueira mais que uma escola, poderia sim, ser um patrimônio cultural brasileiro. O povo ama a Manga! Gente do Morro e do asfalto, dentro de Mangueira todo mundo é bem vindo. Localizada ali entre o Maracanã, e vizinho da Quinta da Boa Vista - residência Imperial e do Museu Nacional, o charmoso morro tem logo em sua entrada o seu próprio Palácio, como é chamada a quadra da escola, áliás o Estação Primeira é porque a estação de Mangueira era a primeira após a Central do Brasil. E seu verde e rosa, foi escolhido para combinar com as cores do Fluminense, time de seu mestre maior – Cartola. Alias, além do Mussum, outro que me vez conhecer mais o samba e a própria Mangueira, foi Cartola, compositor dos melhores de nossa canção. Quer dizer, se a Mangueira tem pra si um Palácio, é porque ela tem uma corte de nobres, reis e rainhas que não tem fim:

Chico, Alcione, Leci, Beth, Nelson Sargento, Delegado, Neuma, Zica, Nelson Cavaquinho, Rosemary, Mussum e Cartola como citei aqui e mais uma legião de gente que não cansa de lutar pela Verde e Rosa. Que diga-se de passagem, essas cores combinam sim! Triste de uma jurada que certo vez, deu uma nota baixa a escola alegando que as cores não ornavam entre si...

Como resposta, a escola lhe mandou uma rosa! Sim, apenas isso! Pois é com delicadeza e beleza que a Mangueira sabe fazer samba. Mangueira super-campeã do carnaval de 1984, essa escola sabe homenagear personalidades como ninguém, sempre fazendo carnavais e sambas maravilhosos, e por inúmeras vezes campeã. Já foram cantados em versos verde e rosa, figuras como Monteiro Lobato, Castro Alves, Sinhá Olympia, Tom Jobim, Caymmi, Carlos Drummond, Chico, os Doces Barbáros, esses últimos, mesmo sem ter ganho o Carnaval, fizeram um desfile memorável, um dos mais empolgantes da década de 90, com o lindo samba. Samba que fez todo mundo ir atrás, quer dizer, naquele ano só não foi atrás da Mangueira quem já havia morrido.

Ou não?

Pois tenho pra mim, que a bateria da Mangueira levanta até defunto! Falar da bateria mangueirense, merece um paragrafo único para evidenciar seu diferencial...

O Surdo de primeira ou surdo UM como preferir, a escola mantém até hoje essa característica que lhe é única dentro do mundo do samba. A bateria tem somente um surdo, não há o surdo de resposta. Isso faz com que todo mundo saiba diferenciar a bateria da Mangueira de qualquer outra escola no Brasil, como diz em seu hino... “Todo mundo lhe conhece ao longe, pelo som dos seus tamborins e o rufar do seu tambor” Outras escolas usam esse recurso – toque do surdo de primeira sem o surdo de resposta - como uma paradinha, ou para fazer uma graça, mas dificilmente conseguem algo satisfatório. Já a Mangueira toca assim o tempo todo e é aquele assombro de felicidade...

Claro, há críticos, há quem afirma que essa levada prejudica a melodia do samba, e quem liga?

O Mangueirense gosta, a Sapucaí delira, e a gente ama ouvir essa bateria assim. E se a escola tem uma batucada só sua...

Precisava ter uma voz que a representasse, e quem melhor do que Jamelão para ser porta voz da nação mangueirense, e que voz!

Na minha humilde opinião, o maior CANTOR de samba que o Brasil já teve, e possivelmente terá...

Vale lembrar que ele gostava de ser chamada de CANTOR, ai de quem o chamasse de puxador, de certo ia ouvir poucas e boas. Jamelão foi a primeira voz da Mangueira de 1949 até 2006, faleceu em 2008 com 95 anos, e só parou quando quis, eu tenho certeza de que se sua saúde lhe permitisse estaria até hoje naquela Sapucaí nos brindando com sua voz. É tempo de brindar a Estação Primeira de Mangueira, sua gente, sua raiz, sua história, o mangueirense é gente boa, mangueirense é sambista de primeira (sem trocadilho), sempre muito emotivo, aliás a Mangueira é movida a emoção, todo ano aquela respiração profunda quando vem chegando a torre na avenida, ufa passou...

Brincadeiras a parte, a Mangueira merece nosso parabéns...

Afinal, quem nunca sonhou em desfilar na verde e rosa?

Quem não gostaria de abrir a janela e ver sua cidade, seu morro, seu lugar, sua escola como cenário?

Quem não gostaria de ser Mangueira pelo menos um dia na vida e pertencer a uma escola de samba que é conhecida no mundo todo? Sei lá, não sei... Sei lá, não sei não, a Mangueira é tão grande que não cabe explicação... Dedicado aos meus amigos mangueirenses, em especial ao Everson Oliveira, meu parceiro. Até mais Danilo Jesus


 
 
 

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